Paulo C. Chagas

Biography

Nascido em Salvador, Brasil, o prolífico compositor Paulo C. Chagas criou mais de 160 trabalhos em muitas formas diferentes, incluindo palco, orquestra, câmara, coral, percussão, instrumentos solo, eletroacústica e multimídia. Suas produções premiadas e ambiciosas têm sido aplaudidas pelas Américas, Europa e Ásia. Após viver e trabalhar por longos períodos na Bélgica e Alemanha, Chagas reside nos Estados Unidos desde 2004.

Como sobrevivente da tortura de militares brasileiros durante sua juventude, não surpreende que a arte de Chagas tenha sido moldada indelevelmente por tal experiência. Sua música consistentemente nasce da experimentação e desejo de usar o poder transcendente de criação para curar e exemplificar a resistência a tendências obscuras das sociedades, uma ameaça colocada pela comercialização excessiva da arte. A obra de Chagas explora a heterogeneidade e a riqueza das culturas.

Chagas estudou inicialmente na Universidade de São Paulo e, mais tarde, com Henri Pousseur, no Conservatoire Royal de Musiq, em Liège, e na Universidade de Liège. Ele, então, mudou seu foco para a música eletrônica, estudando na Hochschule für Musik und Tanz, em Colônia, e obteve seu PhD em Musicologia na Universidade de Liège.

Entre inúmeras honrarias, Chagas recebeu prêmios de composição em conceituadas competições internacionais ao longo de sua extraordinária carreira. Sua obra, Webern: de tempos em tempos, venceu no Rio de Janeiro, enquanto Oddort foi homenageada na Opéra Autrement do Centro Acanthes e Bonfirm foi selecionada para a Lista IAMIC. Chagas também recebeu comissões pelo Festival Ars Musica, de Bruxelas, o Bonner Entwicklungswerkstatt für Computermedien, o Deutsches Nationaltheater und Staatskapelle de Weimar, Moscow Autumn, MusikTriennale, Oper Bonn, Theaterhaus Stuttgart, WDR Radio Cologne, e o Wittener Tage für Neue Kammermusik.

Como diretor de som e compositor residente no Studio for Electronic Music da WDR da Rádio Colônia, nos anos 1990, Paulo C. Chagas realizou pesquisa sobre música computacional, composição algorítmica, música eletrônica, interatividade, multimídia e espacialização sonora. Lecionou como professor visitante na Université Liège, na Bélgica, de 1991 a 1993, e no Conservatoire Royal de Musique em Liège, entre 1995 e 1996. Atuou como membro do conselho de diretores do Centre Henri Pousseur, em Liège, de 1996 a 2004, e foi diretor musical e compositor residente na Bonn Research Center of Computer Media, na Alemanha.

De 2004 a 2008, Chagas foi professor assistente de composição na University of California, Riverside, antes de ser promovido a professor. Lá, fundou um estúdio de referência, o Experimental Acoustic Research Studio, uma instalação desenhada para modernizar a pesquisa interdisciplinar em música eletroacústica e multimídia. Desde 2005, a música de Chagas tem sido extensivamente executada em dezenas de países na Europa, Ásia e nas Américas, tanto por distintos solistas quanto por orquestras.

A atividade acadêmica de Paulo C. Chagas evoluiu organicamente ao longo de sua carreira artística. Ele escreveu muitos capítulos de livros, artigos de periódicos e anais em quatro idiomas: inglês, português, alemão e francês. Seu livro, Unsayable Music (Leuven University Press, 2014), desenvolve detalhadamente os principais temas de sua pesquisa, que incluem música eletroacústica e digital, semiótica musical e filosofia.

Em suas próprias palavras:

“Minha filosofia composicional é orientada pela crença de que uma grande transformação está ocorrendo no modo como criamos e experimentamos arte e música no atual mundo digital. Além de escrever para a mídia acústica tradicional, meu trabalho faz intenso uso do som eletrônico e mídia audiovisual enquanto desenvolve uma abordagem crítica da tecnologia, a fim de alcançar transparência e iluminar o pensamento e a emoção humanas. Sustento que a arte tem como missão ética proporcionar às pessoas a oportunidade de observar o mundo de fora. Agora, mais que nunca, as artes oferecem uma miríade de possibilidades de transcendência, enquanto se engajam nas questões humanas e sociais de forma crítica.”


Born in Salvador, Brazil, prolific composer Paulo C. Chagas has created over 160 works in many different forms including stage, orchestra, chamber, choral, percussion, solo instruments, electroacoustic, and multimedia. His award-winning and ambitious productions have been applauded throughout the Americas, Europe, and Asia. After living and working for extended periods in Belgium and Germany, Chagas has resided in the U.S. since 2004.

As a survivor of torture in his early adulthood at the hands of the Brazillian military, it should not be surprising that Chagas’ art has been indelibly shaped by such an experience. His music has consistently been born out of experimentation and the desire to use the transcendent power of creation to heal and exemplify a resistance to the darker tendencies of societies, a threat posed by the over-commercialization of art. Chagas’ oeuvre explores heterogeneity and richness across cultures.

Chagas first studied at the Universidade de São Paulo and later with Henri Pousseur at the Conservatoire Royal de Musique in Liège and the University of Liège. He then turned his focus toward electronic music, studying at the Hochschule für Musik und Tanz in Cologne, and earned his PhD in Musicology at the Université de Liège.

Among numerous honors, Chagas has received composition prizes from highly esteemed international competitions over the course of his extraordinary career. His piece, Webernde tempos em tempos won at Rio de Janeiro, while Oddort was honored at l’Opéra Autrement from the Centre Acanthes. Bonfirm was selected for the IAMIC Annual List. Chagas has also received commissions from the festival Ars Musica in Brussels, the Bonner Entwicklungswerkstatt für Computermedien, the Deutsches Nationaltheater und Staatskapelle Weimar, Moscow Autumn, MusikTriennale, Oper Bonn, Theaterhaus Stuttgart, WDR Radio Cologne, and the Wittener Tage für Neue Kammermusik.

As sound director and composer-in-residence at the Studio for Electronic Music at WDR Radio Cologne in the 1990s, Paulo C. Chagas conducted research in computer music, algorithmic composition, electronic music, interactivity, multimedia, and sound spatialization. He taught as a visiting lecturer at the Université de Liège in Belgium from 1991–93 and at the Conservatoire Royal de Musique in Liège in 1995–96. He served as a member of the board of directors of the Centre Henri Pousseur in Liège from 1996-2004, and was musical director and composer-in-residence of the Bonn Research Center of Computer Media in Germany.

From 2004-2008, Chagas was Assistant Professor of Composition before being promoted to Professor of Composition in 2008, at the University of California, Riverside. It was there he founded the state-of-the-art Experimental Acoustic Research Studio, a facility designed to modernize interdisciplinary research for electroacoustic music and multimedia. Since 2005 alone, Chagas’ music has been extensively performed in dozens of countries in Europe, Asia, and the Americas by distinguished soloists and orchestras alike.

Paulo C. Chagas’ scholarly activity has organically evolved alongside his artistic career. He has written a significant number of book chapters, journal articles, and proceedings in his four languages of English, Portuguese, German, and French. His book, Unsayable Music (Leuven University Press, 2014), develops in great detail the main themes of his research, which include electroacoustic and digital music, musical semiotics, and philosophy.

Statement:

My compositional philosophy is driven by the belief that a major transformation is occurring in the way we create and experience art and music in today’s digital world. Aside from writing for traditional acoustic media, my work makes extensive use of electronic sound and audiovisual media while developing a critical approach to technology in order to achieve transparency and illuminate human thinking and emotion. I hold that art has an ethical mission to provide people the opportunity to observe the world from the outside. Now more than ever, the arts offer myriad possibilities for transcendence while critically engaging with human and social issues.