De 13 a 17 de setembro de 2021
ON-LINE
Há 101 anos, nascia Vilém Flusser. Natural de Praga, de família judaica, chegou ao Brasil aos 20 anos, fugindo da perseguição e da morte causada pelos nazistas na Europa. Foi aqui, e em Português, que sua obra filosófica e multidisciplinar alcançou maturidade e ineditismo. Mas foi também aqui que Flusser se reencontrou com o autoritarismo e a violência, no auge dos anos de chumbo. Nos anos 1970, Flusser submeteu-se a um segundo exílio, desta vez na Europa. O trecho destacado acima foi de uma das cartas que trocava naqueles tempos com o amigo José Bueno, um homem católico e conservador. Nela, Flusser posicionou-se de forma contundente acerca do regime militar, algo que não era comum em seus escritos. Não havia liberdade no Brasil: o que havia era medo da farda.
Décadas se passaram. Em meio a uma pandemia que nos custou a vida de tantos brasileiros, a constatação de Flusser permanece atual: se não somos donos da coisa pública, não poderemos jamais ser livres. O VII Comcult irá se dedicar a rememorar, então, a vida e a obra de Flusser, bem como o seu engajamento político. Traduzido mundo afora, ainda permanecem desconhecidos aspectos fundamentais de sua obra: sua ecologia crítica, sua defesa ao feminismo crítico, sua recusa a se submeter aos aparelhos políticos e econômicos, sua voraz crítica à sociedade de consumo e, é claro, sua ousada proposta de uma Comunicologia. Flusser desenvolveu um pensamento crucial para compreender o nosso presente, da emergente crise climática à brutal desigualdade e os constantes flertes autoritários. Para se aprofundar mais sobre suas reflexões , o VII Comcult – Flusser 101 – convida todos a pensar seu trabalho criticamente e descobrir nele novas facetas.